terça-feira, 15 de junho de 2010

"Mascaras"


Sabemos que o termo máscaras sempre foi usado de forma pejorativa. Ao falarmos de máscaras, logo nos vem à memória o carnaval, festa em cujos bailes, tradicionalmente, era comum o uso das máscaras, muitas vezes enfeitadas, coloridas. Nesse tipo de festa, o indivíduo utilizava-se desse adereço com o fim de não ser reconhecido prontamente, ou de encobrir o rosto, caracterizando-se como personagens de TV, de cinema, etc. Quem não se lembra, por exemplo, do Zorro, personagem que inspira a muitos até hoje? Um homem “normal” que ao colocar a máscara tornava-se um herói. Outros se inspiram nas rainhas e reis. Conforme a projeção, as máscaras serviam para que também as pessoas pensassem ser quem não eram, pelo menos por um instante de descontração.


É notório que estamos vivendo dias difíceis e proféticos, essa realidade vem exigir de nós, em todas as áreas, prudência e cautela. Mesmo sabendo que a comunhão faz parte da vida cristã, temos que discernir como “tirar as máscaras”, para depois não sermos vítimas das nossas próprias palavras, usadas contra nós, e não como alívio de cargas. Lembro-me daquela frase dos filmes policiais: “Tudo que você disser poderá ser usado contra você!" Mas precisamos tirar...Na dúvida, mantenha o silêncio da solidão, até ter condições de ser transparente com as pessoas....Nem todos, pela sua própria estrutura, história de vida, educação, espiritualidade ou maturidade, estão aptos a nos ver como realmente somos e ainda assim continuar olhando para nós da mesma maneira, com a mesma admiração, muitas vezes irreal, vinda de uma imagem projetada. Não devemos deixar que pensem o que somos quando não somos. A aceitação inicia em si mesmo para só então alcançar o outro, o que constitui um sinal de maturidade. Se eu ainda não tive estrutura emocional de tirar as minhas máscaras para mim mesmo, como suportarei ver o outro, que é semelhante a mim, desmascarado? Estaria vendo a mim? Pode ser que vejamos um espelho refletindo nossa humanidade e suas tendências esquisitas, pecaminosas e doentias. Se você já se viu sem as máscaras, certamente você irá ultrapassar o espelho e chegará à alma do outro; se não, poderá levar um susto e recuar com crítica, desilusão, desprezo, indiferença ou superioridade.
A Bíblia nos orienta a tirar primeiro o argueiro do nosso olho para depois tirar o do nosso irmão. Essa atitude nos aproxima da dor e também do alívio que o outro sentirá na retirada do argueiro, mas quem não passou por isso, terá a inclinação de querer tirar o argueiro alheio de qualquer maneira, movido não pela compaixão, mas pela exposição do outro, pelos aplausos dos sádicos, dos ainda mascarados de super-heróis da santidade, e da infalibilidade. Estes se consideram aptos, e nesse “ofício santo”, têm deixado muita gente cega, tendo que usar a máscara dos piratas, enfrentando grandes tempestades.

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